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| Achiles Luciano Foto: Acervo Pessoal |
Durante o Novembro Negro, o artista Achiles Luciano apresenta a mostra gratuita “ID Corpos Negros”, no Edifício Oswald de Andrade, unindo arte afrodiaspórica, realidade aumentada e ficção científica.
O afrofuturismo e o sci-fi vão se juntam para uma exposição na cidade de São Paulo, durante às celebrações do Novembro Negro. A partir de 15 de novembro, sábado, das 11h às 21h, o Edifício Oswald de Andrade abre às portas para a mostra gratuita ‘ID Corpos Negros’.
Mergulhando no universo artístico de Achiles Luciano, a exposição é um convite às nuances da arte afrodiaspórica e ao encontro entre o analógico e o digital. Idealizada em formato multidisciplinar, a mostra reúne 10 obras de arte inéditas, todas com o uso de realidade aumentada.
O período de visitação da exposição é de terça a sexta das 10h às 20h, e de sábado e domingo das 09h às 18h, com horário especial durante a abertura. Sediado no Edf. Oswald de Andrade – bairro do Bom Retiro (Centro de SP), o acesso às obras está liberado de terça a domingo, com exceção às segundas-feiras.
Com ativações geradas a partir do encontro do espectador com as obras em formato físico, que apresentam materiais distintos, entre eles: canvas, madeira, impressões digitais fine art, pintura e ilustração digital, o artista propõe expandir o conceito do audiovisual, gerando uma experiência imersiva e interativa para o público.
Os conteúdos, que podem ser acionados diretamente dos smartphones e tablets, aprofundam a abordagem urbana de temáticas afro-brasileiras, com técnicas mistas. O uso do formato transmídia é proposital pelo artista, saltando novas informações sobre as telas para uma experiência afrofuturista em São Paulo.
Para Achiles Luciano, a narrativa não-linear é parte crucial da experiência de ‘ID Corpos Negros’, se assemelhando às reflexões do escritor e filósofo Nego Bispo. Nas palavras do artista e idealizador da mostra, cada perspectiva se revela em uma nova experiência expográfica, desdobrando-se em camadas da história, arte e cultura afrodiaspórica, que se entrelaçam e enriquecem a jornada do visitante.
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| Achiles Luciano / Foto: Anna Bogaciovas |
“A mostra ‘ID Corpos Negros’ é o fragmento de um sonho que começa a se realizar. Nascido do meu fascínio por histórias de ficção científica, o projeto expressa uma inquietação antiga: perceber como a tecnologia, cada vez mais presente no nosso cotidiano, parece materializar aquilo que antes só existia nas páginas da imaginação, nos gibis, em filmes de ficção. Com esse trabalho, proponho uma travessia visual que oscila entre o real e o digital, o lúdico e o surreal. Uma experimentação artística que funde a arte mista com reflexões pessoais, mas que também toca questões mais amplas sobre identidade, ancestralidade e futuro”, explica Achiles Luciano.
O projeto, que celebra mais de três décadas de trajetória artística de Achiles Luciano, consagra um momento especial da arte contemporânea negra com as pesquisas em novas tecnologias que ele vem conduzindo. “Nos anos 1990, minha expressão era essencialmente pictórica — eu só pintava. O audiovisual entrou timidamente na minha trajetória, começando em 2008 e 2009. Nesse período, enquanto pesquisava sobre arte digital, montei meu primeiro set usando o Tagtool, um software aberto da época que permitia criar animações com joystick e realizar pinturas digitais ao vivo por meio de projeção. Batizei essa experiência de ‘grafite digital’.
Nesse contexto, o artista se firma como um dos grandes nomes da live painting, expressão que se conecta com sua vivência nas jam sessions e nas noites de jazz e blues no emblemático clube Urbano. Seu trabalho, em diálogo com o improvável e o espontâneo, revela a pintura ao vivo como uma força estética fundamental, capaz de traduzir a própria essência de uma cidade que nunca parou de se reinventar.
Natural de São Paulo, Achiles Luciano ficou conhecido na cena da arte digital negra por construir narrativas que expandem o olhar sobre memória, território e identidade. Após a performance de videomapping no projeto Pavilhão Aberto da Fundação Bienal de São Paulo (2025), o artista provoca um entrelaçamento entre o sci-fi e a ancestralidade afrodiaspórica, em um autorretrato da comunidade negra.
Essa homenagem é observada através das obras Corpo Oculto, Exú - Fragmentos de Sonho, Secções e CSM_K4P031R4. Para Achiles Luciano, “ID Corpos Negros é um gesto de visibilidade, força e imaginação. Uma tentativa de traduzir, em imagens, a complexidade de existir, resistir e sonhar em um mundo em constante transformação. Neste momento estamos vivendo, talvez, o início de uma era onde a ficção científica se torna real”, revela.
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| Créditos Achiles Luciano_Detalhes da obra - Circulos de Histórias - fine art |
Vernissage ‘ID Corpos Negros’: seleção musical, JAM session e performance audiovisual
Quem for aproveitar o final de semana em SP, pode curtir a programação cultural da vernissage de ‘ID Corpos Negros’ durante todo o sábado, 15, com horário extendido das 11h às 21h.
A abertura oficial da mostra contará com uma seleção musical especial, com a artista convidada Paola Ribeiro às 15h, seguido de uma JAM session (Bahia Fantástica) às 17h com os artistas ZEBB + EdBrass + Rômulo Alexis, além do duo AFF – dispositivo afrofuturista formado por Achiles Luciano nos visuais e FELINTO no ‘live pa’; que também assina a direção musical da exposição.
Gratuito e aberto ao público, o projeto foi contemplado pela Lei Paulo Gustavo do município de São Paulo, inserida no edital SP CINE 06/2023 – criação de obras com Realidade Aumentada em Audiovisual Expandido.
A exposição ‘ID Corpos Negros’ é uma realização da Lei Paulo Gustavo, do artista Achiles Luciano, e conta com o apoio da SPCine, Secretaria Municipal de Cultura - São Paulo capital da cultura, LPG, CULTSP PRÓ, Ministério da Cultura - Governo Federal do Brasil. A produção é da PROTOLAB Cultural, direção de produção Felipe Brait e apoio cultural CANVAS Audiovisuais.
SERVIÇO
[Exposição ‘ID Corpos Negros, de Achiles Luciano]
Onde: Complexo Cultural Oswald de Andrade, na Rua Três Rios, 363 - Bom Retiro, São Paulo - SP, 01123-000
Quando: de 15 de novembro a 14 de dezembro
Dias e horários da exposição: de terça a domingo, das 10h às 20h
Vernissage: 15 de novembro, das 11h às 21h
Programação da vernissage (a programação pode sofrer alterações):
Seleção Musical - Paola Ribeiro (15h)
JAM session “Bahia Fantástica” (17h)
Performance audiovisual AFF - Dispositivo Afrofuturista (19h)
Gratuito
Sobre Achiles Luciano
Achiles Luciano é artista multimídia paulistano, com trajetória iniciada em 1993, cuja pesquisa transita entre pinturas analógicas e digitais, fotografias, projeções urbanas, realidade aumentada e performances audiovisuais.
Reconhecido por suas performances de Live Painting durante as JAM Sessions que pipocavam em São Paulo no final da década de 90 até ano 2009, com essa exposição revela uma parte de sua pesquisa que trás essa carga de trabalhos que manipulam técnicas híbridas — da pintura ao grafite digital, do tagtool ao video mapping, do grafite digital à edição e animação — para construir narrativas que expandem o olhar sobre memória, território e identidade.
Sua obra já ocupou instituições e projetos centrais da cena cultural brasileira, incluindo Bienal de São Paulo, Sesc, Festival Feira Preta, Museu Afro Brasil Emanuel Araújo e Casa das Caldeiras. Entre seus destaques recentes, realizou performance de videomapping no projeto Pavilhão Aberto da Fundação Bienal de São Paulo (2024 e 2025), video mapping durante as récitas da ”Ópera Porgy and Bess” com a direção de Grace Passô no Theatro Municipal de São Paulo (2025), com atuação de grande escala que reafirma sua pesquisa sobre luz, imagem e arquitetura como dispositivos narrativos.
Artista premiado, recebeu o Prêmio Pretas Potências, iniciativa da PretaHub, pelo impacto de seus projetos ligados ao movimento “Vidas Pretas Importam” durante a pandemia (2020 e 2021). Sua prática também se expande para a cena internacional, com residência artística na Villa Waldberta, na Alemanha, onde desenvolveu a série Extensão Necessária do Diálogo, aprofundando processos que combinam projeção, fotografia, pintura analógica e digital, texturas e memória visual. Achiles Luciano consolida uma trajetória que integra tecnologia, ancestralidade visual e pulsão futurista para reimaginar narrativas sobre corpos negros, cidades e possibilidades de existência.



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