Levantamento do Cultura na Faixa aponta que 12% das crianças e adolescentes estão fora da escola
Um levantamento realizado pelo projeto Cultura na Faixa, no bairro Jardim Weda, em Itaguaí (RJ), mostra que o desafio da escolarização está no centro das desigualdades vividas pela juventude local. Dos 92 inscritos nas atividades culturais do projeto, 89% não concluíram a Educação Básica, e metade dos jovens e adultos interrompeu os estudos ainda no Ensino Fundamental.
Embora a região conte com unidades escolares próximas, como a Escola Municipal Jorge Flores da Silva e o CIEP 048 Djalma Maranhão, os dados revelam que a estrutura educacional não tem sido suficiente para garantir a permanência dos estudantes. Entre os inscritos no projeto, somente 3,3% concluíram o Ensino Médio, e 7,6% abandonaram a escola nesta etapa.
Atualmente, 66% estão matriculados em alguma instituição de ensino, mas o restante, 34%, está fora da escola. No grupo de crianças e adolescentes, o dado é ainda mais alarmante: 12,3% estão em idade escolar, mas não frequentam nenhuma unidade educativa. O projeto foi muito bem recebido sobretudo pela população mais pobre, vulnerável e discriminada, a qual se encontra alijada do acesso à cultura e marginalizada em uma região imersa pela violência.
“O acesso à educação é interrompido por muitos fatores: medo, insegurança, sobrecarga familiar e ausência de expectativas. O projeto surge como uma alternativa simbólica e prática para reconstruir essas trajetórias interrompidas”, afirma Geraldo Bastos, gerente de Recursos Humanos e Mobilização Social do Cultura na Faixa.
As informações locais dialogam com os dados nacionais. Segundo o IBGE, em 2023, mais de 9 milhões de jovens abandonaram os estudos antes de concluir a educação básica, sendo a maioria com idades entre 18 e 24 anos.
As oficinas do projeto, que envolvem Arte Circense, trança afro, futebol, música e folia de reis, não se limitam a ações recreativas. Elas oferecem um espaço de permanência simbólica, reforçando vínculos com o território e com os próprios participantes.
“Elas funcionam como espaços de acolhimento. Muitos dos nossos participantes que evadiram da escola se reencontram no projeto e consideram o retorno aos estudos”, reforça Geraldo Bastos.
O dado faz parte de uma análise detalhada do perfil socioeconômico dos inscritos no projeto, com base nas inscrições preenchidas pela comunidade durante o processo de adesão às atividades.
O Cultura na Faixa é uma iniciativa da ONG Se Essa Rua Fosse Minha (SER), realizada por meio de convênio com a Transpetro, para ampliar o acesso à cultura e aos direitos sociais no bairro Weda, um dos territórios mais vulnerabilizados da Baixada Fluminense.
O Weda foi a primeira a região a receber o projeto, que seguirá para o bairro Geneciano, em Nova Iguaçu. A nova casa já está com inscrições abertas na sede do projeto (Av. Nossa Sra. de Nazaré, 181 – Geneciano, Nova Iguaçu)
Sobre o Cultura na Faixa
O Projeto Cultura na Faixa é uma iniciativa sociocultural e educacional voltada para comunidades situadas nas faixas de dutos da Transpetro, na Baixada Fluminense (RJ). Seu objetivo é fortalecer vínculos comunitários, promover a convivência em grupo e prevenir situações de risco social, criando espaços seguros e colaborativos. Alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030, o projeto promove cultura de paz e desenvolvimento comunitário, ampliando seu impacto por meio de parcerias com a sociedade civil e o setor privado. Cada área atendida conta com uma base de apoio comunitária, garantindo presença fixa e reforçando o sentimento de pertencimento junto à comunidade.
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