Santa Cruz - de queridinho da realeza ao esquecimento

Historia entrelaçada com a colonização

Paróquia Nossa Senhora da Conceição, em Santa Cruz - Foto: Loft

A história de Santa Cruz está entrelaçada com a colonização do Brasil. No século XVI, a região de “Piracema” (lugar de muitos peixes, subida do peixe), onde hoje se localiza o bairro, era habitada por Tupis-guaranis. O lugar era privilegiado por sua planície e deságue de rios, além da vista para a Baía de Sepetiba. Porém, com a chegada dos Portugueses no solo brasileiro a área foi invadida e os índios foram perdendo espaço.

Em 1567, a Capitania de São Vicente passou para o comando de Cristóvão Monteiro, que construiu um engenho de açúcar e também uma capela.Em 1573, as terras foram doadas aos jesuítas, que assumiram o comando do lugar e investiram obras para conter as enchentes causadas pelas águas do Rio Guandu e transformaram o território com o seus conhecimentos em agricultura e pecuária. Com a expulsão dos jesuítas do solo brasileiro, em 1759, o governo português tomou conta das terras e de todo o aparato construído pelos jesuítas em quase 200 anos.


O nascimento de um bairro e seu desenvolvimento


Fazenda Santa Cruz - Foto: Biblioteca Nacional


Depois de anos de esquecimento, Santa Cruz ganha importância com a chegada da Família Real no Brasil, que saiu de Portugal fugindo de Napoleão, em 1808. A região se torna um local de veraneio para os membros da coroa. O antigo convento dos jesuítas foi reformado e transformado no Palácio Real de Santa Cruz, com o passar do tempo, a estrada que dá acesso a localidade é melhorada e um serviço de carruagem foi implantado para atender aos nobres da época.


Santa Cruz se tornou o xodó da Família Real; inclusive eles investiram no plantio de chá, trazendo trabalhadores chineses, onde hoje se localiza o Morro do Chá. Em 1842, foi inaugurada em Santa Cruz a primeira agência dos Correios do Brasil! Você sabia que além disso, em 1877, a localidade recebeu a primeira linha telefônica da América do Sul!? Pois é! A linha fazia a ligação entre a Fazenda Santa Cruz e o Paço de São Cristóvão. A Estação de Santa Cruz foi inaugurada em 1878 e que veio a servir, para além de outras coisas, como o meio de transporte para as carnes que saiam do Matadouro em direção à cidade, que começou as suas atividades em 1881. Na época, Santa Cruz vivia um desenvolvimento social e econômico muito intenso, ganhando ruas, jardins e palacetes. 



Getúlio Vargas visitando Santa Cruz em 1938 - Foto: Arquivo Nacional.


Quando a República é declarada, em 1889, a Fazenda Imperial se torna Fazenda Nacional e Santa Cruz perde muito do prestígio que tinha. Com o passar dos anos, o bairro recebe imigrantes italianos e árabes; a luz elétrica e os bondes chegam ao bairro no começo do século XX. 


Na década de 30, durante o governo de Getúlio Vargas, a localidade viveu grandes transformações com obras de saneamento que visavam a valorização das terras. Com a criação das Colônias Agrícolas, as primeiras famílias japonesas, vindas de Mogi das Cruzes, começaram a ocupar os lotes e iniciaram a produção de alimentos.


Hindeburg entrando no hangar em Santa Cruz, em meados de 1936 - Foto: BASC


Em 1936, o bairro ganha o primeiro aeroporto internacional do Brasil, o Bartolomeu de Gusmão, para o pouso de dirigíveis que vinham da Europa; o aeroporto não existe mais, porém o hangar dos Zeppelins foi preservado, sendo um dos últimos no mundo.  A construção encontra-se tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), desde 1998.


Em 1946 foi inaugurada a Av. Brasil, criando-se uma nova ligação do bairro ao Centro do Rio. O trecho até Santa Cruz só acontece em 1954. Os subúrbios cariocas passam a ser interligados ao Centro por uma via expressa rodoviária, que também o conecta às rodovias para o interior do país: São Paulo, Minas Gerais e Bahia.


Entre as décadas de 70 e 80, a Companhia Estadual de Habitação (CEHAB) construiu vários habitacionais. A população cresceu consideravelmente, mas a maioria não trabalhava lá. Isso deu a Santa Cruz características de bairro dormitório, na época.


Fontes: Jornal Extra, ArquiMuseus, EBC, AirWay


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