Tecnologia desenvolvida por professores e alunos de TI, promete autonomia e liberdade aqueles que possuem deficiência visual.
Educação e tecnologia
trabalhando a serviço da cidadania e inclusão. Alunos e professores
desenvolveram um projeto que pode revolucionar as vidas de pessoas com
deficiência visual, desde as que são totalmente cegas ou com baixa visão. Os
professores Miguel Carvalho e Alexandre Louzada, dos cursos de Tecnologia da
Informação da Universidade do Grande Rio (Unigranrio), aliaram suas aulas a
projetos práticos e como resultado os alunos estão desenvolvendo soluções que
podem promover acessibilidade e proporcionar uma maior autonomia para pessoas
com deficiência visual ou com baixa visão.
Os professores começaram esse
trabalho há dois anos como um projeto de iniciação científica. Deu tão certo
que foi incorporado a uma disciplina oferecida desde os primeiros semestres dos
cursos de tecnologia da instituição.
O programa recebeu o nome de
TIA - Tecnologia da Informação para Acessibilidade, é basicamente um software
que é capaz de calcular distâncias, reconhecer comandos de voz, diferenciar
pessoas e objetos, reconhecer rostos e expressões faciais e fazer pesquisas,
entre outras coisas. Suas Aplicações podem ser inúmeras, acessórios
inteligentes e uma das aplicações dessa tecnologia foi nomeada de "bengala
sônica", um instrumento capaz de avisar, por meio de vibrações, sobre a
proximidade de obstáculos.
FOTO DIVULGAÇÃO |
"A bengala funciona a partir do mesmo
princípio que os morcegos usam para voar. Ela tem um sensor que emite sinais
ultrassônicos inaudíveis para humanos e, com base na reflexão desses sons,
consegue descobrir se existe um obstáculo à frente e qual a sua
distância", explica o aluno Diego de Souza, de 32 anos, do curso de
análise e desenvolvimento de sistemas. Ele conta que a inspiração para criar a
bengala sônica veio de um documentário que ele viu tempos atrás, que tratava de
uma tecnologia semelhante e que também falava da adaptação de um jovem
deficiente visual.
Os avisos costumam ser dados
quando há um obstáculo a até 40 cm da ponta da bengala, e a intensidade da
vibração vai aumentando à medida que a distância se encurta. A 10 cm de uma
possível colisão, ela começa a vibrar continuamente, indicando um alerta máximo
de proximidade. “Geralmente, o usuário só sabe que existe um obstáculo quando a
bengala comum bate em alguma coisa. Esse bloqueio costuma ser uma árvore ou um
poste, mas também pode ser a perna de outras pessoas, uma criança ou até um
animal que eventualmente pode atacá-lo. O sensor serve para avisar antes que
essas colisões aconteçam", completa Diego.
JOÃO PEDRO VITORINO PEREIRA |
Um outro projeto desenvolvido
pelo grupo, teve a ideia inicial do aluno João Pedro Vitorino Pereira, de 21 anos,
quarto período de sistemas da informação. um dispositivo que fica alocado
dentro de uma pochete e que, a partir de um mapa previamente carregado e um
sistema de GPS, permite ao usuário se localizar no ambiente mapeado previamente.
Por enquanto ele já funciona na faculdade. "É possível saber onde está o
banheiro, as salas de aula, as salas de cada professor. O sistema vai
informando pelo fone de ouvido conforme a pessoa se locomove", explica o
professor Miguel. Segundo ele, esse uso pode ser expandido para outros locais:
"Queremos usar também para identificar pontos turísticos, por
exemplo".
Segundo o professor Miguel
Carvalho, a bengala sônica custaria em torno de 150 reais para chegar ao
alcance do usuário final, e o que separa o projeto de um protótipo e um produto
de larga escala é o investimento.
“Deficiência é a relação da
pessoa com o meio. Só existem deficientes porque não existem meios para que
eles vivam com autonomia. Nessa perspectiva todos somos deficientes de algum
modo. Imagine se os degraus das escadas de um prédio fossem de 1 metro, não
conseguiríamos subir. Seríamos considerados deficientes em relação ao meio. É
assim que as pessoas se sentem. Assim deficiente não é a pessoa, deficientes
são os meios que dificultam o exercício da autonomia.
Nesse projeto, buscamos
utilizar a tecnologia para diminuir os obstáculos, criando um mundo melhor para
todos”.
O estudante Daniel Alexandre
da Silva, do curso de Biologia, que tem baixa visão, se tornou um consultor técnico e tem ajudado a testar e
aperfeiçoar as invenções, foi ele que alertou, por exemplo, para o que chamou
de "som irritante" emitido pela bengala sônica. O problema foi logo
resolvido pelos alunos.
Outra dica importante foi para
o dispositivo de localização: a ideia original envolvia o uso de uma pequena
caixa para guardar o equipamento, mas Daniel sugeriu usar uma pochete. Assim o
acessório pode se integrar de forma mais prática sem que a pessoa precise ficar
segurando.
Daniel Alexandre da Silva |
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