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| a rigorosa Lei do Clima de Nova York, que exige cortes significativos nas emissões. |
⚡️ O Custo Energético da Criptomineração: Por Que o Bitcoin Polui Tanto
Uma controvérsia acirrada envolvendo mineração de Bitcoin e as leis ambientais de Nova York ganhou um novo capítulo. A operadora da usina a combustível fóssil Greenidge Generation, localizada em Finger Lakes, conseguiu um novo acordo com os reguladores estaduais que permitirá a continuidade de sua operação de mineração. Essa usina é capaz de alimentar mais de 20.000 computadores que trabalham 24 horas por dia resolvendo algoritmos complexos para gerar novos Bitcoins.
Ocorre que a usina Greenidge tem sido alvo de uma batalha judicial de anos com ativistas locais e o Departamento de Conservação Ambiental (DEC), que argumentavam que a operação violava a rigorosa Lei do Clima de Nova York, que exige cortes significativos nas emissões.
O Acordo e a Redução de 44%
O novo pacto, anunciado na segunda-feira, impõe uma condição severa: a Greenidge deve reduzir sua poluição em 44%—o equivalente a 282.000 toneladas de dióxido de carbono—até o ano de 2030.
O porta-voz do DEC, Jeff Wernick, defendeu a decisão, afirmando que o acordo "responsabiliza a Greenidge Generation" e alinha a instalação com os níveis de emissões exigidos pela lei climática estadual.
Dale Irwin, presidente da Greenidge, celebrou o resultado, classificando-o como "reduções históricas de emissões" e expressando satisfação por ter superado o "processo demorado".
O que chama a atenção é que o acordo não detalha como a empresa fará essa redução de emissões, gerando ceticismo imediato.
Críticas e o Grito dos Ambientalistas
O timing do acordo, assinado no mesmo dia em que o governo da Governadora Kathy Hochul aprovou um novo gasoduto (com apoio de Donald Trump, um forte defensor da moeda virtual), intensificou a crítica.
Grupos ambientalistas prometeram levar o caso aos tribunais. Yvonne Taylor, cofundadora da Seneca Lake Guardian, expressou choque e indignação, acusando a Governadora Hochul de "se render a poluidores corporativos" e "destruir a lei climática de uma só vez".
"Ficamos absolutamente chocados, atordoados e indignados com o fato de o governador Hochul se render a poluidores corporativos como este, abandonar a região de Finger Lakes e destruir a lei climática de uma só vez."
— Yvonne Taylor, Seneca Lake Guardian
O Peso da Operação de Criptomineração
Em plena capacidade, a instalação de 107 megawatts tem potencial para fornecer energia a 75.000 residências, mas sua maior parte é desviada para a criptomineração. Atualmente, ela lança na atmosfera mais de 500.000 toneladas métricas de gases de efeito estufa anualmente.
A Greenidge, que se tornou uma criptomina em 2020, já havia tido sua licença aérea negada pelo estado em junho de 2022, resultando em um processo movido pela empresa contra o estado.
O caso da Greenidge é um termômetro do dilema crescente nos EUA: como conciliar o consumo maciço de energia da mineração de criptomoedas com as metas de transição energética e combate às mudanças climáticas.
🗽 A Lei do Clima de Nova York (CLCPA): O Gigante Ambiental
A CLCPA, sancionada em 2019, estabeleceu metas de redução de emissões que buscam transformar radicalmente a matriz energética e a economia do estado de Nova York nas próximas décadas.
Metas de Redução de Emissões (Linha de Base: 1990)
A lei estabeleceu limites compulsórios (legalmente vinculantes) para a redução total de gases de efeito estufa (GEE) em toda a economia do estado, usando como ponto de partida os níveis de 1990:
| Objetivo | Prazo | Nível de Redução |
| Meta de Curto Prazo | 2030 | Redução de 40% das emissões. |
| Meta de Longo Prazo | 2050 | Redução de 85% das emissões. |
| Neutralidade | 2050 | Alcançar emissões líquidas zero (Net Zero). |
Para atingir a neutralidade de carbono, o restante das emissões (os 15% finais) deve ser compensado por práticas de sequestro de carbono (como o plantio de árvores e a preservação de pântanos e florestas).
Metas para o Setor Elétrico
A CLCPA também impõe metas específicas e muito agressivas para a geração de energia, o setor que é o foco principal da polêmica da Greenidge:
70% da eletricidade vinda de fontes renováveis até 2030.
100% da eletricidade vinda de fontes de emissão zero de carbono até 2040 (incluindo renováveis e energia nuclear).
O Dilema da Greenidge sob a CLCPA
O ponto central da batalha legal era a Seção 7(2) da CLCPA, que exige que as agências estaduais, como o Departamento de Conservação Ambiental (DEC), considerem se suas decisões (como renovar uma licença de operação) são inconsistentes ou interferem no cumprimento das metas de emissões estaduais.
O Problema da Consistência: A Greenidge é uma usina a gás fóssil que, quando totalmente dedicada à criptomineração, emite mais de 500.000 toneladas métricas de GEE anualmente. Os reguladores e juízes administrativos determinaram em 2022/2023 que o aumento real e projetado das emissões da Greenidge era inconsistente com as metas da CLCPA. O DEC negou sua licença de operação de ar (Title V Air Permit) com base nisso.
O Novo Acordo: O acordo de 2025 é o resultado de uma batalha judicial contínua. A Greenidge argumentou que o DEC não seguiu o procedimento correto ao negar a licença. O acordo permite que a usina opere, mas exige uma redução mandatória de 44% nas emissões permitidas até 2030.
O Ponto de Controvérsia: Os ambientalistas veem o acordo como uma capitulação, pois permite que a usina continue operando por, pelo menos, mais cinco anos, e questionam se as reduções propostas são "reais, permanentes, quantificáveis e aplicáveis", conforme exigido pela CLCPA. Já a Greenidge afirma que a redução de 44% excede a meta de 40% exigida pela lei para 2030, o que a coloca em "conformidade".

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