O Rio de Ciro: xilogravuras revelam a alma carioca no Museu Chácara do Céu

 

Foto: Katarine Almeida/Uiraúna Xilogravura 

Exposição gratuita apresenta 76 obras de Ciro Fernandes e homenageia a cultura nordestina em diálogo com o Rio de Janeiro

Retratando a cidade maravilhosa através da força da arte nordestina, o Museu Chácara do Céu – localizado no bairro de Santa Teresa, Rio de Janeiro – abre as portas, entre os dias 18 de outubro à 30 de janeiro, para a exposição inédita ‘O Rio de Ciro: A Cidade em Xilogravuras’.


Com entrada gratuita, a programação celebra a trajetória do artista plástico Ciro Fernandes e a sua paixão pelo Rio de Janeiro, por meio de 76 obras autorais que transitam entre a técnica milenar da xilogravura e demais estilos, como pinturas, calcogravuras, litogravuras e nanquim.


Aberto ao público, cariocas e turistas poderão visitar a exposição diariamente, das 10h às 16h30, exceto às terças-feiras, quando o museu está fechado para visitações.


Pensada para todos — amantes da arte, turistas e moradores que buscam um programa cultural enriquecedor, a exposição apresenta obras que dialogam com as narrativas populares da região e revelam a versatilidade do xilogravador, pintor, ilustrador, escritor e luthier, Ciro Fernandes, em diferentes linguagens visuais.



A vernissage, que acontecerá das 12h às 16h30, no dia 18 de outubro, contará com uma recepção especial para jornalistas, amigos, admiradores e personalidades conhecidas da cena artística, com direito à coquetel e entrevistas exclusivas com Ciro Fernandes.


Foto: Katarine Almeida


Ainda durante a cerimônia de abertura, os convidados poderão desfrutar de uma apresentação inédita de música brasileira, trazendo a sonoridade carioca em diálogo com a experiência visual da exposição. Na ocasião, o violonista e compositor Jean Charnaux assina um show especial com direito a uma vista deslumbrante do Rio de Janeiro.


Distribuindo as obras em diferentes núcleos temáticos, a mostra inicia com ‘O Rio de Ciro: um Caso de Amor’, que retrata a chegada do artista ao Rio de Janeiro e sua paixão pela cidade, com obras que capturam o ciclo urbano e cotidiano dos cariocas. O próximo núcleo da mostra, ‘Lapa e Seus Mistérios’, revela a atmosfera boêmia e cultural do bairro, destacando figuras icônicas como Madame Satã e eternizando a diversidade e a essência das ruas.


A exposição segue conectando o público às raízes nordestinas por meio dos núcleos ‘A Tradição Cordelista Chega à Cidade Maravilhosa’, que narra a forma como o artista retomou a xilogravura nos cordéis urbanos da capital; e ‘A Natureza Exuberante de Ciro’ (Sala Imersiva), que transporta os visitantes para dentro de uma sala de vidro com obras do artista em formato de 'lambe-lambes' e adesivos, permitindo que as obras dialoguem com a vista panorâmica do Rio de Janeiro.


Integrando diferentes formatos, a exposição não se restringe apenas à xilogravura, podendo também ser apreciadas as pinturas em tinta acrílica sobre tela; calcogravuras e litogravuras; ilustrações; artes em nanquim; além de capas de cordéis, LPs, matérias de jornal e livros de grandes escritores ilustrados pelo artista.


Os participantes ainda poderão se inspirar e imergir no cenário criativo de Ciro Fernandes, a partir da exibição de suas ferramentas de trabalho, como a prensa, materiais de entalhe e as matrizes de madeira das obras. Tais instrumentos auxiliaram a ditar as dimensões variadas das obras, sendo a menor com proporções de 28 x 32cm e a maior com 90 x 220cm.


Foto: Katarine Almeida


Dentro da exposição, os visitantes poderão contemplar obras como Cardeal (Xilogravura - Ano 2022 - 96 x 33 cm); Massacre da Candelária (Tinta acrílica sobre tela - Ano 1990 - 80 x 120 cm); São Jorge Ogum (Xilogravura - Ano - 65 x 160 cm); Além de Amanhecer (Xilogravura - Ano 2022 - 28 x 38 cm), Lapa (Xilogravura - Ano 1979 - 65 x 96 cm), e Madame Satã (Xilogravura - Ano 1979 - 64 x 47 cm).


Como medida de democratização do acesso à cultura, a exposição contará com quatro oficinas programadas para crianças de escolas públicas da região de Santa Teresa. Usando gravuras de material reciclado (Tetrapack), os workshops trazem atividades lúdicas e culturais para as crianças, abordando a natureza do Rio de Janeiro e buscando a representação dos pássaros da cidade, à espelho do que inspira Ciro Fernandes.


Acessibilidade e inclusão na exposição nacional ‘O Rio de Ciro’

Ampliando o acesso à arte, a exibição da mostra contará com ferramentas que trazem mais acessibilidade às obras para os visitantes. As matrizes presentes possuem parte tátil que possibilitam o toque; o espaço é preenchido por placas em braille para os textos de parede, audiodescrição e legendas estendidas das principais obras. Ainda, o evento oferecerá também visitas guiadas com monitores especializados em dias específicos.


A exibição possui curadoria de Mariana Lannes, diretora de produção cultural e idealizadora de projetos artísticos, com atuação nacional em música, artes visuais, cultura popular e impacto social; além de Alessandro Zoe, que é fundador do escritório de gestão artística CRIVO, somando mais de 8 anos de experiência à frente de produções culturais em teatro, música e artes visuais.


Ciro Fernandes, no auge dos 83 anos, é um dos maiores nomes da cena artística brasileira, sendo considerado um patrimônio vivo da xilogravura no país. Com uma trajetória marcada por seus traços expressivos, por sua originalidade e pelo compromisso com a preservação das tradições nordestinas, Ciro continua a inspirar novas gerações para ampliar as fronteiras da arte popular.


O projeto é contemplado pelo edital Pró-Carioca, programa de fomento à cultura carioca, da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, através da Secretaria Municipal de Cultura.


Foto: Katarine Almeida/Lapa- Xilogravura


Sobre Ciro Fernandes

Desde criança, Ciro se encantou pelo desenho e pela arte, imerso na cultura dos cordéis e na tradição da xilogravura popular do sertão da Paraíba, desenvolvendo desde cedo suas habilidades como gravurista. Ao longo da vida, viveu em diferentes cidades do Brasil, como Natal e São Paulo, mas encontrou seu verdadeiro lar no Rio de Janeiro, onde se apaixonou pelas belezas da cidade, incluindo sua natureza exuberante, o carnaval, as ruas do centro e da Lapa, e pelo efervescente movimento cultural do bairro.


Encantado pela cidade, na década de 1970, Ciro conheceu a Feira de São Cristóvão, reconhecida no Rio como um espaço de preservação da cultura nordestina, onde percebeu que a produção de cordéis locais era diferente da tradicional xilogravura de suas raízes. Nesse contexto, o talentoso paraibano passou a demonstrar sua técnica, conquistando reconhecimento em toda a região e chamando a atenção de jornalistas, incluindo do Jornal do Brasil. Desta forma, consolidou sua trajetória artística, firmando-se como ilustrador e diretor de arte em agências de publicidade e veículos jornalísticos.


Hoje, Ciro Fernandes é referência por suas representações da boemia carioca, retratos das mulheres da cidade, cordéis urbanos e da natureza exuberante do Rio de Janeiro. O icônico artista se destaca por sua versatilidade de técnicas utilizadas em seus trabalhos, que além da xilogravura apresenta pinturas em tinta acrílica sobre tela, calcogravura, litogravura e desenhos em nanquim. Foi o único ilustrador a ser agraciado com o Prêmio Machado de Assis da Academia Brasileira de Letras, pelo trabalho de ilustração no livro **Cordelinho

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