Foto: Danilo Sergio |
Espetáculo celebra a ancestralidade afrodiaspórica, a força da fé e a resistência negra em espaços sagrados de Nova Iguaçu
“Nos conhecer” é o que a palavra de origem africana “Nyogolon”, apresentada pelo griot e ator maliano Sotigui Kouyaté, significa. O termo é o equivalente ao que vários países chamam de teatro e refere-se a um lugar de encontro, troca e abertura.
O espetáculo “Nyogolon” é, portanto, um convite aberto para todos os moradores de Nova Iguaçu no mês de outubro. O grande encontro está marcado para o dia 19 de outubro, no Terreiro Ilé Asé Omi T’oju Oyo (Cacuia, Nova Iguaçu), e para o dia 22 de outubro, no Teatro Sylvio Monteiro, no centro da cidade — esta última com tradução em Libras.
A peça, formada exclusivamente por atores negros, propõe uma reflexão sobre ancestralidade, existência e afetividade negra, destacando dores, forças e belezas que atravessam o ser e o tempo presente.

Foto: Danilo Sergio
O que é o espetáculo Nyogolon?
Apresentado pelo Grupo Artesão Teatro, Nyogolon representa a resistência das narrativas afrodiaspóricas no território de Nova Iguaçu. Cada ator investiga a própria ancestralidade, revisita suas vivências e compartilha suas histórias com o público por meio de canções e danças.
As memórias individuais formam o coletivo do espetáculo. Criado em 2020, Nyogolon já realizou diversas apresentações. De acordo com JonyJarp Pontes, diretor da peça, “Nyogolon é mais que um evento, é um projeto”.
A proposta é levar essa experiência teatral para além da região metropolitana do Rio de Janeiro, ampliando o alcance das narrativas afro-brasileiras.
As apresentações são realizadas pelo Governo Federal, Ministério da Cultura, Governo do Estado do Rio de Janeiro e Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, através da Política Nacional Aldir Blanc.
Teatro em espaços não convencionais
“Seria muito bom se um dia a gente fizesse no terreiro”, pensou o diretor JonyJarp Pontes ao idealizar levar o teatro para além dos espaços tradicionais.
A escolha do terreiro Ilé Asé Omi T’oju Oyo, em Cacuia, para a apresentação de 19 de outubro, reflete um gesto simbólico e político. O espaço, dedicado à religiosidade de matriz africana, enfrenta desafios constantes, como alagamentos causados pelas fortes chuvas na região.
Assim, a realização do espetáculo no local também é uma forma de contrapartida e apoio à comunidade, que sofre os impactos dos temporais do último verão.
Outro objetivo é a descentralização das manifestações culturais, levando o teatro a bairros periféricos e territórios de resistência.
Após o espetáculo, haverá uma roda de conversa entre a equipe, o elenco, os pais e filhos de santo e os moradores de Cacuia, promovendo troca de saberes e afetos — marca essencial do projeto.
Grupo Artesão Teatro: a força da Baixada Fluminense
O Grupo Artesão Teatro, fundado em 2016, nasceu a partir da pesquisa e experimentação teatral em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Para o grupo, é no corpo do ator onde começa e acontece o teatro.
Serão duas apresentações na cidade:
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19 de outubro, às 15h, no terreiro Ilê Asé Omi T’oju Oyo (Cacuia, Nova Iguaçu)
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22 de outubro, às 19h, no Teatro Sylvio Monteiro, no Complexo Cultural Mário Marques, no Centro de Nova Iguaçu
Como diz Sotigui Kouyaté, “ir ao Nyogolon significa aclarar a visão”. O espetáculo convida o público a revisitar suas memórias, reconhecer suas histórias e perceber em si o território ancestral que habita e resiste.
📅 Serviço
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Espetáculo: Nyogolon
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Datas: 19 e 22 de outubro de 2025
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Locais: Terreiro Ilé Asé Omi T’oju Oyo (Cacuia) e Teatro Sylvio Monteiro (Centro de Nova Iguaçu)
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Entrada gratuita
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