Campo Grande: o gigante do oeste carioca

Você sabia que a região onde fica Campo Grande era considerada um “sertão”? Isso mesmo! 

Chafariz localizado no coração do bairro - Foto: Vera Dias


Para falar sobre o bairro de Campo Grande, que fica localizado na zona oeste e é o maior da cidade do Rio, primeiro temos que relembrar o surgimento da região. A região de Campo Grande, muito maior que o atual bairro, abrigava Deodoro, Realengo, Padre Miguel, Bangu, Senador Camará, Campo Grande, Santíssimo, Inhoaíba e Cosmos, e recebeu esse nome devido ao seu vasto tamanho. Ela  começou a ser ocupada pelos portugueses nos tempos do Brasil colônia, no século XVII, mas os primeiros passos foram dados na segunda metade do século XVI, quando Mem de Sá ordenou expedições para o interior do Rio de Janeiro. Os portugueses designavam as localidades distantes do litoral, que precisavam ser desbravadas, como “sertão’’.


A região, que era habitada pelos índios Picinguabas, foi doada pelo governo a Barcelos Domingues que construiu a Paróquia de Nossa Senhora  do Desterro, em 1673. 


Em meados do século XVI, os jesuítas iniciaram o plantio da cana de açúcar na região, que se desenvolveu no século seguinte. Na segunda metade do século XVIII, o café começou a ser plantado na fazenda Mendanha.   



O nascimento de um bairro


Terras de Campo Grande nos primórdios do barirro - Foto: Saiba Mais História

O bairro carioca se constitui a partir de 1878, com a construção da estação de trem de Campo Grande. Em 1894, linhas de bondes com tração animal começaram a ser exploradas, o que favoreceu a conexão com as regiões mais distantes do bairro e impulsionou o seu desenvolvimento. Os bondes elétricos chegaram em 1915, e isso fez com que o comércio interno ganhasse mais força.


Após o período do café e da cana de açúcar, Campo Grande viu surgir, no início do século XX, o plantio da laranja, que se intensificou em a partir de 1920. Em 1930, a produção aumentou bastante e nesse período a população do bairro também cresceu muito. Cerca de 100 mil pessoas habitavam o bairro, em 1932. 


O fim da Segunda Guerra, em 1945, fez o número de importações cair, isso abalou a economia local, juntamente com a praga de atacar os laranjais. Com a queda da citricultura, os donos dos sítios começaram a lotear e vender os seus terrenos; já localidades abandonadas pelos donos foram invadidas pela população mais pobre. Porém, o bairro ainda era considerado zona rural pelo IBGE, nos anos 50 e 60.


Nos anos seguintes, o bairro teve um crescimento vertiginoso, mas houve pouco investimento público, o que contribuiu para uma baixa infraestrutura urbana, o aumento da poluição e a falta de saneamento básico, com os esgotos dos loteamentos sendo lançados diretamente nos rios. Só na década de 90 Campo Grande começou a receber mais investimento público, o que não foi o suficiente, devido ao grande número de moradores e a extensão do bairro. 


Hoje em dia:


Escultura de laranja localizada no centro do bairro - Foto: Facebook


Dentre os milhares de passos diários dados no Calçadão de Campo Grande e as diversas partidas de trem, a região  atualmente vê um grande crescimento econômico. Nos últimos anos a localidade que já foi taxada de “roça urbana” se tornou rota de investimentos por parte de empresas de grande porte, afinal, o bairro é o maior da cidade e abriga mais de 336 mil habitantes. 


Além da economia, a região também se destaca pelos seus números de desenvolvimento humano que destoam dos presentes nos bairros vizinhos. A região possui um IDH de 0,810, um número alto se comparado com bairros vizinhos, Cosmos, por exemplo, só possui 0,759 nessa escala de 0 a 1.


Mesmo com investimentos a região ainda sofre com a falta de descentralização nas oportunidades de trabalho, o que obriga grande parte dos seus habitantes a cruzarem a cidade em viagens que percorrem mais de 40Km.






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