Opinião: Estamos na década das emissoras sem identidade visual?


Durante muito tempo o logotipo de uma emissora era um símbolo emblemático, imponente e de alta relevância, afinal é a principal forma de se identificar uma emissora visualmente. Também é a principal forma de ser identificada cognitivamente pelo público. A marca está presente em tudo remeta ao canal em questão. Não estou falando apenas de vinhetas, chamadas, institucionais e etc. Mas sim de veículos (transporte e vans transmissoras), microfones, uniformes, documentos e tudo que for tangível relacionado a emissora.




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Mas parece que nesta década a falta de identidade visual se tornou o padrão das emissoras brasileiras, onde na busca de renovação e de um ar futurista entregaram logotipos insossos e apáticos com tonalidades semelhantes e quase indistinguíveis, salvos apenas pelas formas geométricas utilizadas em suas concepções. Mas antes de opinar vou te levar a origem disso tudo.

Linha do tempo do logotipo da TV Globo. (Foto: Rede Globo/G1)

Nesta década quatro das cinco grandes emissoras brasileiras fizeram mudanças em suas logomarcas, tudo começou em 2014 onde a Globo e o SBT mudaram suas identidades visuais, as duas emissoras fizeram ótimos trabalhos em questões de design. A Globo optou por não abandonar o 3D em seu logo, mas removeu os efeitos platinados (metalizados) dando um tom “ceramizado” a sua marca com tons cinzas e brancos.


Antes e depois do logotipo do SBT. (Foto: SBTPédia)

Já o SBT “bebeu da fonte” do 2D abandonando seu logotipo colorido reflexivo que seguia o mesmo padrão desde 2002, o logotipo da emissora chegou a ser comparado ao do aplicativo “Fotos” do iOS, mas mesmo assim ainda possuía sua própria identidade visual bem distinta das demais emissoras brasileiras.

Mas essas mudanças visuais feitas pelas emissoras começaram a perder identidade visual quando cerca de dois anos após essas mudanças feitas pela Globo e o SBT, a Record apresentou a sua nova identidade visual, a emissora foi além das demais emissoras e além de alterar seu logotipo mudou também sua nomenclatura. A emissora abandona o “Rede Record” e adotou o “RecordTV”.

Antes e depois logotipo RecordTV (Foto: Geek Publicitário)


 Até aí tudo bem, mas algo não estava certo uma mudança desse porte precisa de um motivo nem que seja um simples reposicionamento de marca no mercado. Mas parece que a mudança foi apenas por capricho. A emissora fez a mudança visual e não apresentou nenhuma grande novidade, nem mesmo em suas vinhetas, tudo continuou como antes. No final trouxe um logotipo sem identidade e sem significado, com tons platinados puxados para o azul. Isso só alimentou o fato da emissora buscar ser como a Globo, afinal só foi a emissora carioca mudar a identidade que a Record “seguiu o mesmo caminho” mesmo não tendo motivos para isso.

Release do novo logotipo da Band. (Foto: Band)

Após isso, agora em 2018 outra emissora optou por abandonar toda a sua identidade e ingressar na era cinza da TV brasileira, a Band deu um banho de alvejante em seu logotipo e removeu a coloração verde e amarela icônica de seu logotipo. Seguindo os passos da Record a emissora não deu nenhuma justificativa plausível para a mudança, apenas achou que era a hora de mudança para o futuro.

Agora me diga, o futuro é tão monocromático e sem graça assim? No futuro nenhuma empresa poderá ter a sua própria identidade visual para se destacar das demais e se comunicar com seus telespectadores? Ao meu ver essas mudanças não tem na a ver com futuro ou com padrões de design, essas mudanças mostram a falta de criatividade e desleixo das emissoras atualmente perante a forma em que o público percebe a sua marca.

Um logotipo não é apenas um vetor fixo no canto da tela durante a programação, esse pequeno grupo de pixels pode representar todos os valores e também a visão da emissora, pode mostrar ao telespectador o que ele irá encontrar naquele canal. Agora com a chegada da era cinza da TV Brasileira o telespectador não consegue mais diferenciar as emissoras visualmente, parece que todas se tornaram grandes afiliadas de uma só. Eu realmente sinto falta do visual dos anos 80, onde pôr mais exagerado que fosse tudo possuía uma essência e identidade. Espero que um dia esse gelo cinza que tomou a frente dos logotipos das emissoras quebre e que a criatividade venha ser liberada novamente.


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1 Comentários

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  1. O design de logos ultimamente tem sido uma porcaria a nível mundial, vide o logo da Mastercard. É uma crise de criatividade gigantesca.
    Outra motivo de tudo estar igual na identidade das emissoras, em geral, são as vinhetas produzidas por freelas munidos de After Effects e Cinema 4D, a maioria utilizando de um entediante flat design.

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