Falta de acessibilidade nos trens do RJ limita mobilidade de deficientes - Reportagem


Se você se locomove pelo Rio de Janeiro, embarcar em um trem pode ser uma tarefa fácil e corriqueira, mas essa facilidade não se aplica à realidade de todos os cariocas. Os cidadãos que usam cadeiras de rodas ou possuem problemas capacitivos quase não encontram ofertas de acessibilidade nas estações. Para eles, o vão se expande muito além do que o que existe entre o trem e a plataforma.

Rampas da estação Inhoaíba - Foto: Lorran Matheu/Antena Carioca

Ao viajar pelo ramal Santa Cruz podemos ver estações com arquiteturas que se assemelham à provas de desafios paraolímpicos. Como é o caso da estação Inhoaíba que possui uma rampa íngreme, em formato circular que dificulta o acesso de pessoas com necessidades especiais.

Caso os deficientes consigam chegar até a bilheteria, os desafios continuam, dessa vez as dificuldades se manifestam ao passar pela catraca e na tentativa de chegar até a plataforma.

Escadarias de acesso à plataforma na estação Inhoaíba - Foto: Lorran Matheu/Antena Carioca

Se olharmos para as estações com uma visão crítica perceberemos que grande parte delas têm a ligação entre a bilheteria e a plataforma feita por enormes escadarias. Das 33 estações do ramal Santa Cruz, que agora é interligado com o ramal Deodoro, apenas 8 possuem acessibilidade. Essa falta de inclusão limita ainda mais a vida dos deficientes.

É o que nos relatou Marcos Conceição, morador da comunidade Vilar Carioca, que como cadeirante, tem de encarar de frente a realidade da inacessibilidade nos transportes.

Tive perdas significativas em relação ao melhoramento do meu físico, sou cadeirante tem 27 anos, moro aqui na Zona Oeste desde criança e por aqui não tem acessibilidade.


O cadeirante relata também, que esse problema já impactou diretamente em sua saúde.

A clínica da família aqui do meu bairro me encaminhou para um centro de reabilitação em Olaria, só que infelizmente não tem acessibilidade na estação de Inhoaíba então eu não pude ir por não ter uma rampa para a plataforma.


Quando questionado sobre o que esperava para o futuro, Marcos se mostrou desesperançoso.

Não tem o que esperar, pelo que nós vemos aí, não tem melhoramento nenhum, os anos passam e continua a mesma coisa. Então infelizmente, eu pessoalmente, não espero nada.

A reportagem procurou a SuperVia, que nos enviou a seguinte nota.

A SuperVia tem ciência das demandas de acessibilidade no sistema ferroviário, que tem mais de 150 anos, e que a modernização das estações é uma das principais demandas dos clientes. Por isso, a concessionária vinha realizando intervenções gradativas nas estações, de acordo com estudos técnicos e as prioridades avaliadas pela SuperVia.

No entanto, diante do cenário de crise financeira em função da pandemia, a empresa precisou fazer cortes em vários investimentos para manter a operação e se adequar à nova realidade, o que torna inviável a destinação de recursos a quaisquer outros fins que não seja a prestação do serviço essencial de transporte à população fluminense, que depende do trem para seus deslocamentos diários.

Vale ressaltar que, durante este processo, os agentes de controle da concessionária continuam atuando nas estações, capacitados para prestar auxílio a todos os clientes com dificuldade de locomoção.

A SuperVia espera que esse momento difícil passe o mais rápido possível para que possa dar prosseguimento à implantação de melhorias em todo o sistema ferroviário.

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